06 novembro 2006

Literatura de WC

Eu adoro ir às casas de banho do Filipa (para quem não está familiarizado com a expressão: Escola Secundária D. Filipa de Lencastre). Aprende-se sempre qualquer coisa. Assim entre História e Psicologia, ao dar um pulinho aos “lavabos” para fazer uma xixoca e encher a garrafinha, entro num dos cubículos (de preferência num dos que têm porta, e uma porta que fecha) e é um inacreditável mundo novo.
Antes de me começar a alongar, devo dizer que tenho muita sorte em ser rapariga. Nós vivemos mais, passamos pela maravilhosa experiência de sermos mães, e fazemos as nossas necessidades fisiológicas (adoro esta expressão) viradas para a porta do cubículo, o que nos dá a oportunidade (única!) de ler o que as outras pessoas lá escrevem. O que, meus amigos, não é de desperdiçar. Porque, como vos dizia, é um mundo à parte.

Uma pessoa senta-se (ou não – eu, pessoalmente, não aconselho. Mesmo.) e naquele tempinho em que ali está, aprende uma data de coisas. Por exemplo, aprende que a Tânia ama o António (e que não é um amor qualquer, mas sim um amor “foréva and éva”); que a Joana do 9ºE é uma p*** (segundo a perspectiva da Maria do 9ºF, claro. Mas a Carla do 9ºE fez o favor de lhe responder à letra, saltando em defesa da colega de turma, que provavelmente não se defendeu pessoalmente porque estava a chorar no cubículo ao lado).
Sinceramente, não percebo porque é que, além de escreverem inutilidades nas portas das casas de banho, assinam o que escrevem (com turma e tudo). Estarão desesperadamente à procura de humilhação pública?
E quando digo inutilidades, quero MESMO dizer inutilidades. Do género: “João amo-te muito. Assinado: Filipa do 12ºF”. Ora, vamos lá analisar isto. Primeiro, acho que é óbvio que o João, sendo rapaz, não vai entrar no WC das raparigas e ler todas as portas de todos os cubículos, à procura de uma declaração da sua amada. Depois, parece-me igualmente óbvio que se a Filipa perde o seu tempo a escrever nas portas do WC, é porque ele não lhe liga nenhuma, ou então estaria a escrever-lhe noutro sítio qualquer (provavelmente num sítio onde ele fosse realmente ler o que ela lhe tinha escrito). Ou não estaria a escrever-lhe, estaria a fazer qualquer coisa de mais interessante. Enfim, adiante.

E depois há aquelas criaturas supremamente inteligentes que escrevem frases do género (e passo a citar): “We were the first girls to write on this door!” ou, aquela que considero a cereja no topo... da sanita, que versa assim: “Pedimx o favor de naum excreverem nax portax dax caxax de banhuh! Obrigadah! =) ”. Sem comentários. (*)

Há quem goste de levar revistas para a casa de banho. Mas quem precisa disso, quando se anda numa escola secundária?



(*) Na realidade, a minha adorada Filipa Sousa fez um comentário quando leu esta parte do meu texto – escrito durante uma aula de Psicologia – mas continha palavras que podem ser consideradas sexualmente ofensivas, e como este é um blog de bem, decidi não a citar (embora até fizesse sentido). Mas aqui tens a tua homenagem, patética! =P

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