06 fevereiro 2007

Desilusões e ciumeira

É inédito...

O I.G.L. comprou um violoncelo barroco, e como eu sou a pessoa mais avançada em violoncelo no Instituto (não, este post não foi só uma desculpa para dizer isto, até porque não é dizer lá grande coisa...) calhou-me a mim a prioridade de ficar com ele durante o 2º período inteiro. O que quer dizer que agora estou a estudar essencialmente peças e estudos barrocos, e a dedicar-me quase completamente ao novo brinquedo. E o que também significa que agora só pego no outro de vez em quando, para tocar (ou tentar) o Messien em que o Tó Zé me fez o favor de encalhar (entre outras coisas - umas giras, outras menos...)

Ora, no outro dia tentei fazer as pazes com ele, mas estava de trombas... Recusava-se a afinar, de tal modo que tive de ir para a cozinha, por ser a zona mais fria da casa (com o calor a madeira retrai-se, logo é difícil manter uma afinação decente).
E às tantas reparei que tinha o cavalete torto. Tentei endireitá-lo, mas sem grandes resultados. E quando finalmente consegui afiná-lo mais ou menos decentemente, tinha um som muito estranho e metálico. Fiquei devastada... Pensei que tinha arruinado o meu menino.
No dia seguinte levei-o à urgência mais próxima (leia-se Sbaffi), na qual me foi dito, para meu enorme espanto, que o problema do meu bebé era ter a alma deslocada.

(Pequena nota para incultos: A alma do violoncelo é um fino cilindro de madeira que está encaixado - mas não colado - entre o tampo inferior e superior do violoncelo, mesmo por baixo do cavalete, e é responsável por espalhar as vibrações sonoras por toda a caixa de ressonância, produzindo o som. Ou seja, as vibrações passam das cordas para o cavalete, depois para o tampo superior, daí para a alma e da alma para o tampo inferior e resto do violoncelo. Logo, se a alma sai do sítio, o som modifica-se - e é o desespero.)


O amor da minha vida tem a alma deslocada, por minha culpa... Desiludi-o, desprezei-o, maltratei-o, degradei-o, abandonei-o, troquei-o por outro. E agora ele tem de ser operado. Imaginam como me sinto?

Snif... Ainda assim, tentei (re)animá-lo. Numa tentativa frustrada de recuperar o tempo perdido (o que, já devia saber, é sempre impossível) e não podendo tocar, acabei a noite de máquina fotográfica em punho. Deu nisto...












Tenho saudades dele...

8
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