16 outubro 2006

Dias como os de hoje

Todos os dias o meu rádio-despertador toca às 7h25 da manhã, num despertar sincronizado para me dar tempo para acordar, ouvir uma ou duas músicas na rádio, e esperar ainda deitada pelas notícias das 7h30. Após as notícias, adormeço outra vez, normalmente acordando só muito perto das 8h. Acordo, e se está a dar uma música de que gosto, concedo a mim mesma o prazer de preguiçar mais uns minutinhos, enrolando-me ainda mais fundo no édredon. Quando já passa das 8h, obrigo-me a levantar e enfio-me debaixo do chuveiro, numa tentativa frustrada de afogar o sono que me engole. Sem resultado. A água quente deixa-me ainda mais mole, se é que isso é possível.
Tomo o pequeno almoço com o corpo perigosamente debruçado sobre a mesa da cozinha. . A distância entre o meu nariz e a taça de cereais é assustadoramente pequena. Tenho a sensação de que preferia afogar-me naquela malga de leite acastanhado (do chocolate) do que ir para as aulas.
O caminho casa-escola é feito sempre pelo mesmo percurso. Sempre o mesmo ritual: sempre eu e o meu mp3, que tenta frustradamente acordar-me, os homens das obras que me apetece matar à paulada pelas "bocas" que mandam, o trânsito descomunal, os carros desordenados na tentativa geral de passar primeiro, 'está verde, palhaço! anda pá frente!', buzinadelas, palavrões, a amálgama do costume.
Chego à escola com 10 minutos de atraso porque saí da cama tarde demais (e em consciência disso) e, apesar disso, metade da turma ainda não está na sala (e a outra metade nem vai chegar a estar). Sento-me e, invariavelmente, sei que 90 minutos de inactividade física -que é suposta- e intelectual -não tão suposta assim- me esperam. Logo depois começa aquela fase que odeio: quero adormecer, apoio a cabeça nas maõs, os olhos pesam como chumbo, mas não posso. Não é que não queira, mas não posso mesmo: tenho a infelicidade de ter um nome começado por A, (além de ter nascido a 26 de Dezembro, mas isso é reclamação para uma outra perspectiva) pelo que a stora está mesmo à minha frente.
Vou olhando para o relógio do telemóvel: 8h52. Após o que me pareceu uma eternidade, olho de novo, tentando conter a expectativa de saber quanto tempo teria já passado. 8h54. Não é possível! Porque é que o tempo passa tão devagar?!!
Resolvo mudar de táctica: olho fixamente para o mostrador, na esperança cega e desesperada de que a fúria do meu olhar o faça mover-se com mais rapidez. Ele troça de mim: parece andar ainda mais devagar.
Grrrrrr... Rosno baixinho. O meu colega do lado olha para mim num olhar a que já me habituei, como se estivesse ao mesmo tempo surpreendido pelo meu comportamento, e com medo de que eu fosse sacar de um machado e começar a cortar às postas toda a gente à minha volta. Já estive mais longe, confesso. Vontade não me falta. Enfim, tento ignorá-lo. Lá fora chove como se não houvesse amanhã, o que me faz ficar ainda mais nostálgica em relação ao calor da minha caminha. Suspiro... Há dias em que não se devia mesmo sair da cama!

14 outubro 2006

A Descoberta

Ando, rebolo, rastejo, passeio, saltito levemente de nenúfar em nenúfar... Caminho pela rua sempre pelos mesmos caminhos, sempre na mesma posição, de mãos encolhidas nos bolsos e de phones nos ouvidos. Mas hoje há algo que está diferente. O sorriso na minha cara é inovador e desconhecido, tanto para os outros como para mim mesma. "Não tenho razões para chorar, mas também não as tenho para sorrir desta maneira", penso eu. E no entanto ele não me larga, este sorriso idiota e despretensioso, que parece ter mais para dar do que eu própria.

Começo a interrogar-me: "De onde veio este raio deste sorriso? Será assim tanto um emplastro, ou vem de dentro de mim?...

Oi, pára tudo! Tenho um estranho dentro de mim? Há parte de mim que desconheço?! Mas o que vem a ser isto?!!"

Procurei, procurei, mas não encontrei resposta. Até que um dia, quando tinha já guardado as minhas perguntas debaixo da almofada (é onde guardo aquelas que estão por responder) me sentei e simplesmente ouvi. E da boca de outra pessoa que até tinha muito pouco a ver comigo (e que agora é exactamente o contrário) descobri que afinal havia algo mais. E ela não me disse assim, nestas palavras - "afinal há algo mais!" -, disse-mo sem precisar de mo dizer. Pela primeira vez, li nas entrelinhas de alguém que nem as linhas tinha escrito. E fez-se luz.

Ainda hoje...

À minha querida Miss, e a todos os outros, porque todos fazem a diferença!

Ao Fru (que, sem o saber, me levou a escrever este post), em forma de tentativa frustrada de explicar o porquê!

10 outubro 2006

Versos Pessoanos (e outros que tal)

Hoje estou como Pessoa: "Cansa sentir quando se pensa". Cansa sentir, dói pensar. Às vezes custa! Pensar incomoda. Faz-nos sentir o chão debaixo dos pés, faz-nos olhar para cima e ver o céu lá longe, longe, inalcançável. Faz-nos acordar para a realidade. Faz-nos olhar à volta e ver pessoas e ver histórias, não os vultos que costumam passar enquanto caminho pela rua, muito acima deles.

É bom sonhar. Mas faz bem acordar...



***


Ser eu mesma, sem problemas, sem anexos (que mentira! tenho imensos, estão é tão intrínsecos que já nem os conto), só sorrir, só chorar, sem pensar nem sentir. Hoje quero-me a mim mesma, e a mais ninguém. Se vivo para os outros a cada dia que passa, hoje tiro o dia para me amar (ou odiar) a mim mesma. Enfim, dedico-me a explorar quem sou (e/ou o que sou).

"Não sei quem sou, raramente me encontro".
Hoje vou procurar-me. Hoje não vou viver para os outros, não vou procurar servir os outros com a minha existência (soa a presunção, não é? mas tentem ver a coisa da perspectiva serviçal), hoje vou servir-me a mim mesma.
Quero sentir-me e viver-me, quero conhecer-me e encontrar-me, pois, já dizia o queijinho fresco, "Se eu não gostar de mim, quem gostará?". Laticínios à parte, posso fugir de tudo e de todos e esconder-me lá nos confins do mundo, no canto mais escuro, mas ficarei para sempre presa a mim. Não há escapa possível. Sempre, sempre eu, por mais que não queira. I'm stuck with me!
Por isso decidi passar um dia a fazer as pazes comigo, para que nos possamos entender. Hoje é entre mim e eu mesma. No fundo, somos apenas uma. Mas só às vezes.

06 outubro 2006

Parabéns Inês!

Hoje o amor da minha vida faz 17 aninhos! E está numa surftrip em Marrocos, a magana... E eu aqui, cheia de saudadinhas... Enfim!...

Xuxu, já viu a honra? Um post no meu (tão afamado=P) blog, inteiramente dedicado à sua pessoa? Incrível... =P

Olha, é a primeira vez em 7 anos (!!!) que não passo este dia contigo... Está mal!
É o seguinte: "Nós nos entendemos muito bem, nem sequer precisamos de falar, às vezes basta cruzar um olhar... e já está!" ;) sabes que sim... És especial! Tu e eu somos... como dizer... tu e eu! E mai nada!!

Amo-te mais que tudo neste mundo, criança! Volta depressa! Muitas beijas!! E parabéns!!!!



05 outubro 2006

Sonhos e rebeldias... e outras coisas por contar!

Porque não? Ir para um lado, ir para o outro, que importa? Faz-se uma coisa, faz-se outra, não se é mais feliz por isso! Por isso desta vez decidi romper as (minhas próprias) regras e fazer aquilo que não estava planeado. Só para experimentar o sabor do inesperado, que no fundo acaba por ser o inevitável...
Em vez da esquerda, vou para a direita. Ui, sinto-me uma rebelde! Desconheço é a minha causa, mas suponho que seja boa, para me levar a fazer isto...
Olho para o céu, a lua cheia, brilhante como mithril (ahah, esta não apanham todos!), enquadrada por uma noite escura, escura, daquelas que são contadas em histórias de bruxas e afins, com uma ou outra nuvem esfarrapada, a pincelar descuidadamente o negro céu de cinzento.
Sigo o meu caminho. Já sinto o cheiro do mar, sei-o revoltado só de o farejar, é o que dá muitos anos de praia de dia e mais uns quantos de praia de noite. Chego ao areal que tantas recordações me traz, sento-me e enterro os pés na areia gelada. É estupidamente reconfortante estar aqui... Inspiro fundo e o sal enche-me os pulmões. Dá-me vontade de me atirar lá para dentro, deixar-me levar, fundir-me eternamente com quem desde que me lembro me criou.
Deito-me e desta vez não me preocupo com a areia tão difícil de tirar do meu cabelo. Pelo contrário, rebolo-me pela praia e por fim deixo-me ficar deitada de costas, a olhar as estrelas e a cheirar o mar. Assim adormeço... e sonho com o que há de vir!

Amanhã voltamos ao mesmo de sempre. E desta vez pergunto-me:

Porque não?